Vezes sem conta, o conselheiro depara-se com situações difíceis na comunidade, e o que lhe vale é o seu potencial e capacidade de exercer vários papeis desde educador, oferecer serviços de saúde até ao de confidente para os seus utentes, tudo isso para salvar vidas e tornar as pessoas saudáveis junto das suas famílias! Este seu papel, não tem preço pois o seu maior valor é a vida!

 

No final de mês de Julho de2021, a conselheira Rosa Chirindza foi alocada uma lista de casos índices, e lá estava o caso da dona Júlia (nome fictício), mãe de 4 filhos, mas que na lista havia sido arrolado 3 filhos

com idade até 14 anos para serem testados como seus contactos. A conselheira chegada a casa foi bem recebida e ofereceu os serviços para as crianças que haviam sido arroladas no CS de Nsime, distrito da Katembe. Nisso, a conselheira já na saída da casa apercebe-se d

a presença de uma rapariga encostada a parede da casa apanhando raios solares no quintal. A conselheira cumprimenta-a e puxa um dedo de conversa com ela. Eis que, ela mostrava-se assustada, menos comunicativa. E isso despertou interesse na conselheira em querer prestar algum apoio a esta rapariga, nem que seja de um simples colo. Ao que a rapariga, foi ficando menos tensa e abriu-se a conselheira dizendo:

 

meu nome é Fulana Nsime. Tenho 15 anos de idade, vivo aqui com a minha mãe, tios e irmãosabrindo-se mais, disse vejo que entende de coisas de saúde, podes me ajudar? A conselheira prontamente respondeu que sim…e a menina Fulana. abrindo-se disse como vê, estou grávida, tive que parar de estudar este ano por contada gravidez, meu namorado (pai da criança) me deixou …e está a namorar uma senhora seropositiva. Ele mesmo quando namorávamos, ele dava escapadinhas com ela…A mamã disse que você hoje vinha oferecer teste de HIV para meus irmãos de até 14 anos para baixo, eu ainda não fui a hospital e nunca fiz teste e nem sei como começar, mas gostaria de fazer já que está aqui continuou ela.

 

A conselheira pediu permissão a ela para pedir consentimento a sua mãe, já que ela é menor de idade, ao que disse …é do conhecimento da mamã a situação que estou a passar, pode sim abordá-la da minha pretensão de fazer o teste de HIV.

 

A conselheira Rosa, pela conversa que teve com a Fulana foi notório que ela tinha incorrido em risco de contrair HIV por ter feito relações sexuais desprotegidas com o jovem dono da grávida. Foi ter com a mãe da Fulana e pediu consentimento. A Sra. mãe da Fulana aceitou com muita satisfação. Assim, a Fulana recebeu o aconselhamento e a testagem para o HIV e o resultado de teste foi positivo. A situação ficou tensa porque, a gravidez Segundo a mãe da Fulana tinha 4 meses, não havia aberto ainda a ficha pré-natal e preocupada disse

 

e agora? será que não teremos problemas no hospital por ter ficado em casa com doença e grávida?

A conselheira sempre em prontidão ofereceu seu apoio para acompanhar para a ligação cuidados nos serviços de pré-natal. E apesar da distância da casa até a US, a conselheira Rosa levou a utente Fulana para a o hospital e lá, tiveram algumas dificuldades por ela ser menor de idade, mas…  depois da explicação dela ao clínico em serviço na US, a Fulana foi recebida e ligada aos cuidados e tratamento, abriu a ficha pré-natal e iniciou o seu seguimento na US. Na saída do hospital, procurou a conselheira e disse prometo cumprir com todas as orientações que me derem aqui no hospital, mas também lhe peço para ficar minha responsável e minha confidente (risos…) …quero que seja minha confidente madrinha para sempre ou senão, pelo menos até ao parto. A conselheira disse-lhe que aceita, e que será um prazer poder ajudá-la pois sua missão é salvar vidas.

 

A Fulana sempre que tem dúvidas ou alguma inquietação entra em contacto com a conselheira Rosa e vezes sem conta agradece e lhe diz as seguintes palavras…você veio mesmo me salvar obrigada por tudo, tirou-me o medo que tinha do hospital, hoje estou mais a vontade com a sua presença na minha vida!

A Fulana está a seguir as recomendações médicas, teve alguma dificuldade nos primeiros 30 dias da medicação, mas com o apoio da mãe e da sua confidente madrinha continua firme nos cuidados da US. Bem-haja a existência de conselheiros comunitários para o alcance daquelas pessoas que não procuram as US a tempo por alguma razão. E a mãe da Fulana, pediu para que as duas (mãe e filha) passem a ir a mesma data para as consultas ou levantamento de medição, por forma a acompanhar de perto a evolução dos tratamentos da filha…. pedido este que foi aceite.

A mãe da Fulana sempre diz as seguintes palavras a confidente madrinha da sua filha …obrigada pela atenção, amor e saúde que trouxe e continua a trazer na minha casa. Que não termine por aqui, imagino que haja mais pessoas aqui que passam por isto sem saber como proceder…continuem nos salvando desta escuridão…pois eu ia a hospital para cuidar da minha saúde, mas deixava a ela em casa…longe de pensar também na saúde dela…você é a madrinha da nossa família!