Conselheira: Obadias Mapandzene

Confidencialidade – um dos pilares da testagem

um dos medos em relação a testagem para o HIV é a confidencialidade. O medo de que o seu resultado possa ser tornado público faz com que muita gente evite fazer o teste…mas, conhecer o seu estado é o caminho para levar uma vida saudável. Ser HIV positivo não é o fim da vida. Representa uma mudança na sua rotina nos seus  cuidados de saúde e tomando as recomendações médicas o tratamento garante uma vida longa e saudável. 

Nas actividades de rotina do campo, no dia 25 de Fevereiro de 2021, o conselheiro Obadias Mapandzene, teve a oportunidade de trabalhar com a utente chamada, Fátima Alexandre (nome fictício) por indicação de um caso Index.

A utente Fátima foi receptiva e simpáica para com o conselheiro, isto é, ela não criou dificuldades para o receber. O conselheiro apresentou-se como um voluntário comunitário que oferecia serviços de saúde, incluíndo a testagem de HIV para qualquer membro da comunidade que estivesse interessado(a). O conselheiro fez perceber a utente que a testagem era voluntária e confidencial. Mas, a utente Fátima insistia que fosse testada com a sua melhor amiga, pela confiança que elas tinham uma da outra. Algo que o conselheiro rejeitou por precaução e para garantir a confidencialidade.

O conselheiro continuou explicando a utente Fátima e sua amiga que o teste é confidencial. Que depois de atendê-la, iria de imediato para a casa da sua amiga para testá-la. Então, as duas decidiram que a vizinha fosse a primeira a testar, Pelo que o conselheiro acatou. Assim, foi a casa da vizinha da Fátima, realizou a actividade e o resutado foi negativo. Terminada a actividade, o conselheiro despediu-se e ela disse “ já que dizes que é segredo vai atender a minha amiga depois hei-de vir”.

De volta a casa da Fátima, a primeira coisa que perguntou ao conselheiro foi sobre o resultado da amiga e a minha resposta foi “ tudo o que tratei lá terminou lá do mesmo jeito que tudo que vai acontecer aqui também terminará aqui” e de seguida avançou-se com a testagem, 15 mins depois de ter feito primeiro teste ( determine) o conselheiro apercebendo-se que o resultado dela era positivo, durante a conversa, lhe fez a seguinte questão “ imagine se o seu teste der positivo o que é que pode fazer ou seja qual será a sua decisão?

Em jeito de resposta ela disse “não serei a primeira e nem serei a última posso tomar os ARV’s”. Minutos depois, o conselheiro convidou-a a fazer a leitura dos resultado, duvidosa ela disse parece que sou positiva e ai já começou a ficar nervosa e inquieta. O conselheiro explicou que aquele teste (determine) não espelhava a totalidade da certeza sobre o HIV daí que, ofereceu-lhe o segundo teste (unigold). E, o resultado foi mesmo confirmado positivo.

Depois da confirmação dos resultados, a utente recuou da sua anterior decisão. “ não me vejo na bicha para receber os ARV’S por isso penso em terminar com a minha vida” e disse mais “eu por mais que tivesse alguém que me facilitasse o processo de levantamento de medicamentos tenho pavor com os medicamentos pior com os ARV’s que o seu tamanho é assustador”. e de seguida o conselheiro questionou de onde é que conhecia os ARV’s e ela disse: “minha irmã vive desses medicamentos há bastantes tempo”.

Dito isto, o conselheiro convidou-a seguir o caminho da irmã mas esta, simplesmente rejeitou e estava mesmo nervosa. O conselheiro, deu o seu máximo no aconselhamento pós teste positivo, mas sem sucesso, de tão nervosa que a Fátima estava, o conselheiro disse para ela ficar a pensar e que entrará em contacto com ela para apoio, e ela aceitou e trocaram os contactos.

Dias depois, o conselheiro ligou para a Fátima para saber como está e pediu para se possível, lhe recebesse de novo na sua residência e ela respondeu o seguinte: “não pode mais vir para cá, senão a minha amiga iria desconfiar porque estão quase sempre juntas. Não terei o que dizer para ela nos deixar conversar a vontade á sós, visto que estamos sempre juntas”.  O conselheiro, sugeriu para a Fátima se aproximar ao CS de Zimpeto, onde está alocado. Pelo que a Fátima respondeu: eu posso vir mas não pense que hei-de levar os ARV’s. O conselheiro disse não havia problema e que ela podia ir a US e ela aceitou.

Por ser um caso complicado, o conselheiro de imediato, foi explicar o historial desta utente a psicóloga SÓNIA (ponto focal de HIV) ao nível do distrito de KAMUBUKWANA, e esta ficou a espera da utente. Minutos depois, a Fátima ligou para o conselheiro dizendo que já estava do lado de fora do US, mas a técnica Sónia acabara de receber uma missão a cumprir fora da US.

De seguida, O conselheiro pediu a Fátima para entrar e a recebeu sozinho. E foi com ela até ao sector de PNCT, onde tem um espaço livre que podia lhes acomodar para uma conversa privada. Durante a conversa, a Fátima tinha receio de iniciar o tratamento, mas o conselheiro lhe fez perceber que tudo correrá bem, a US e eu te daremos todo o apoio necessário.

No meio da conversa a utente disse o seguinte: tu só dizes isso porque sou eu se fosse você no meu lugar também estaria com a mesma decisão” de tanto ver a renitência da utente, o conselheiro acabou convidando um colega activista que tambem é HIV positivo para dar seu testemunho. Ela espantou-se. “olha nem parece”. O conselheiro respondeu a ela que o segredo é somente a toma dos ARV’s. Só depois de ouvir isso que ela respirou fundo e disse se for isso então prefiro também iniciar”.

Passado uma semana, depois do início de tratamento, a Fátima procurou o conselheiro e disse.agradeço lhe pela sua persistência e paciência. Hoje estou buscando a minha saúde no sítio certo. Me sinto acarinhada e apoiada por onde passo. Estou a ver como faço para reverelar o resultado ao meu parceiro e conto com o seu apoio para lhe testar.