Conselheira: Marta Cuna

Revelação, um caminho a retenção

Uma das barreiras ao tratamento antirretroviral entre os casais, e não só, é a revelação. O medo do que possa advir da revelação, leva muitas pessoas a esconder o seu estado serológico, o que condiciona, em grande medida, a forma como o tratamento será feito.

 

Marta Cuna é conselheira no Centro de Saúde de Boane, e dentre as suas actividades as visitas domiciliarias para oferecer serviços de saúde faz parte do seu leque de actividades.

Em Outubro de 2020 recebeu consentimento de visitar e oferecer serviços de saúde a família do caso índice Marta Chiúre de 34 anos, residente no distrito de Boane.

Na data combinada, a conselheira Marta fez-se presente na casa do caso índice, mas infelizmente o marido da mesma não estava presente. Entre conversas no compasso de espera, a paciente fez uma revelação trazendo dados importantes que até aqui eram desconhecidos pela conselheira:

“ mamã Marta, estou casada com meu marido a 11 anos, temos 2 filhas (a mais velha com 9 anos e a última com 2 anos). Eu e minha filha de 9 anos estamos em TARV desde 2011, e ele não sabe que estamos nestas condições” Estou a pedir a sua ajuda, pois não quero que ele saiba que já estou a assim a mais de 10 anos”.

A conselheira Marta continuou a conversar com ela, sensibilizando-a sobre a importância de testagem de contactos, revelação de resultado de HIV ao parceiro e apoio mútuo na toma de medição. A caso índice, continuou a abrir-se para a conselheira dizendo que:

“Agi desta forma porque ele é muito chato, não tinha como lhe dizer porque iria me abandonar. Não falto as consultas, mas os nossos cartões guardo na minha madrinha. Quando levanto os frascos, despejo os comprimidos em papelinhos e deito os frascos, e depois escondo num lugar que ele não consegue encontrar. Para tomar a medicação, tomamos sem que ele veja. A criança está instruída para não abrir o jogo para o pai. Até hoje, o meu marido nunca soube de nada”.

Enquanto decorria a conversa, chegou o esposo. Assim iniciou a sessão do aconselhamento em família. Houve consentimento para a testagem do HIV. OS 3 tiveram que fazer o teste de HIV, incluíndo para as 2 (mãe e filha como se fosse a primeira vez). No final, as 2 os resultados sairam reactivos para o HIV e o senhor negativo. A conselheira fez o pós aconselhamento para casais sero discordantes. O marido da utente Marta, consentiu que as duas fossem imediatamente a US para fazer tratamento mas pediu que a conselheira controlasse para que não faltasse pois ele não tem muito tempo e não percebe bem sobre o assunto.

Dia seguinte, ele ligou para a conselheira para avisar que já tinha dado dinheiro de transporte para elas irem ao  hospital, e no final de dia, ele voltou a ligar para dizer que elas voltaram, já iniciararm o tratamento porque trouxeram cartões de Hospital e frascos de medicamentos. Uma semana depois, ele voltou a ligar para a conselheira a pedir para intervir pois a esposa não está a tomar os comprimidos na hora marcada, toma quando quer, queria pedir ajuda para que a conselheira voltasse a explicar a importância de cumprir na hora de toma de medicação.

O sr. Sidónio Macandzo, marido da paciente  Marta Chiúre sente-se muito agradecido a conselheira Marta pela ajuda que ele deu a sua família, pois não sabia que sua esposa e filha estavam nestas condições e prometeu dar todo apoio para adormecer o virus e não terem recaídas. E Ele também prometeu que usará preservativo nas relações sexuais para proteção.