Serodiscordância, um caminho a trilhar!

Fazer perceber da possibilidade de em um casal só um deles ser HIV positivo e o outro parceiro não é um processo difícil. O trabalho de sensibilização joga aqui um papel preponderante em fazer perceber os pacientes desta possibilidade de só um parceiro tornar-se HIV positivo enquanto o outro não.    

 

No dia 09/12/2020 a conselheira Fernanda Come, alocada ao CS de Nwamatibjana, no distrito da Manhiça recebeu uma lista de 4 casos índex para visitar e oferecer serviços de saúde, incluíndo a testagem para o HIV na comunidade. A conselheira Fernanda, imediatamente iniciou com as ligações telefónicas para marcações das visitas as casas dos CI. Apenas um número chamou. Era um caso índex de sexo feminino de nome fictício Maria, que consentiu para o mesmo dia a tarde a visita da conselheira para a  testagem do seu parceiro. Ela reside no bairro 02  na Palmeiras.

Na hora combinada, a conselheira já estava no bairro e ia ligando e a Sra. Maria que com cordialidade foi lhe dando instruções de como chegar a sua casa. Chegado a casa, a conselheira se apresentou e lhe explicou mais uma vez o motivo da sua visita. Depois duma longa conversa que teve com a CI, esta abriu lhe o jogo, dizendo lhe que é viúva e vive sozinha, mas tem um “amigo” casado com quem se relaciona sexualmente e que vive no bairro próximo. E esse amigo viria lhe visitar em 30 mins.

A conselheira aguardou e em pouco tempo, realmente chegou o amigo da Maria na casa. Eles, conversaram a sós e depois chamaram a conselheira. Mas, o amigo da Maria mostrou resistência de aderir aos serviços da conselheira pelo facto de sua esposa ter testado recentemente na US e seu resultado tinha sido negativo e estava grávida. E ele convidou a conselheira a ir a casa dele comprovar o que ele estava a dizer. Mas a conselheira Fernanda, continuou a explicar sobre a importância de ele também testar, pois existe a possibilidade de serem discordantes como casal. Depois de mais de 1 hora de conversa, o amigo da Maria aceitou testar só para agradar a sua amiga Maria, pois por ele não faz sentido testar. Mas logo, impôs uma outra condição, a testagem deve ser realizada na casa dele e não ali na casa da Maria. Logo, sairam rumo a casa do amigo da Maria, chegados lá a esposa não estava e ele disse que preferia fazer ali porque a esposa estava ausente e queria garantir a sua privacidade. A conselheira Fernanda, iniciou com a oferta de serviços dando-lhes todos os pacotes do album seriado, e depois os rastreios, onde o amigo da Maria tinha sintomas de TB (tosse seca e com escarro, falta de apetite e já a algum tempo que estava a perder peso). Estes sintomas foram sugestivos para a conselheira lhe referir para TB.

De seguida, a conselheira fez o pré teste, preparou o campo para testagem e cumpriu com todo o procedimento de testagem e o resultado foi reactivo. No final de tudo, a conselheira fez lhe um  convite para ele comparecer na US no dia seguinte, ele aceitou e lhe passou uma guia de referência para HIV e TB.

Pela manhã do dia 10 de Dezembro, as 7:30 mins a conselheira recebeu o amigo da Maria na companhia da sua esposa no CS de Nwamatibjana, para apoia-lo na ligação. O senhor abriu o processo e fez colheita de amostra para exame de TB. Por sua vez a sua esposa foi testada na US e o resultado foi negativo. No dia 11 de Dezembro, o amigo da Maria teve resultado de BK+ e imediatamente iniciou o tratamento de TB.

No dia 12 de Dezembro, o amigo da Maria chamou a conselheira para lhe agradecer junto da sua esposa dizendo:

“Voce foi um anjo enviado para me salvar, eu nao sabia que tinha todas essas doenças. Nunca imaginei que a tosse que eu tinha fosse algo sério. Eu já me abri a minha esposa como podes ver e ela me está a dar todo o apoio. Me sinto confiante no meu bem estar e da minha família de hoje em diante pois tenho total apoio familiar. Obrigado pelos ensinamentos”.

 

Salientar que no dia 23 de Dezembro, o amigo da Maria iniciou o TARV.